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O mercado físico do boi gordo no Brasil registrou um novo recorde de preços em novembro, com a arroba sendo negociada a até R$ 350 em São Paulo na modalidade a prazo. Este aumento é impulsionado pela alta demanda das indústrias frigoríficas, especialmente aquelas voltadas para exportação, que mantêm um comportamento agressivo nas compras devido à dificuldade em alongar suas escalas de abate. Atualmente, as escalas das indústrias variam entre quatro e cinco dias úteis, o que força a competição pelo gado para garantir o abastecimento.
Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado, destaca que o cenário do mercado externo continua favorável, em especial no segundo semestre de 2024, devido ao volume expressivo de carne exportada e à desvalorização cambial, que torna a carne brasileira mais competitiva no exterior.
Preços médios da arroba pelo país
A alta de preços não é exclusiva de São Paulo, com outros estados também registrando valores elevados. Confira as cotações médias da arroba do boi gordo nas principais regiões produtoras:
• São Paulo: R$ 339,42
• Goiás: R$ 331,43
• Minas Gerais: R$ 329,41
• Mato Grosso do Sul: R$ 325,68
• Mato Grosso: R$ 314,59
Esses valores mostram uma disparidade entre as regiões, mas todas com patamares elevados, influenciados pela demanda tanto interna quanto externa.
Perspectiva de alta nos preços da carne no atacado
No mercado atacadista, os preços da carne bovina se mantêm firmes e com previsão de alta no curto prazo. De acordo com dados da Safras & Mercado, a demanda ao longo da primeira quinzena do mês foi satisfatória, o que mantém os preços em tendência de alta. No entanto, há uma ressalva quanto ao poder de compra da população brasileira, que tem sido impactado pela inflação e pela baixa renda. Como resultado, a carne de frango, por ser mais acessível, pode ganhar competitividade no restante da temporada.
Atualmente, os preços dos cortes de carne bovina no atacado estão nos seguintes patamares:
• Quarto dianteiro: R$ 19,50 por quilo
• Quarto traseiro: R$ 24,00 por quilo
• Ponta de agulha: R$ 18,20 por quilo
A expectativa de aumento nos preços dos cortes bovinos também reflete a tendência de valorização da arroba do boi gordo, já que o custo de aquisição do gado está elevado para as indústrias.
Exportações impulsionam a demanda
As exportações de carne bovina do Brasil seguem em ritmo forte, sustentadas pela demanda de países asiáticos, especialmente da China, que continua sendo o principal destino da carne brasileira. A desvalorização do real frente ao dólar contribui ainda mais para a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional.
Segundo Iglesias, o atual câmbio favorável é um fator importante para manter a atratividade do mercado externo. Em 13 de novembro de 2024, o dólar comercial encerrou em alta de 0,33%, sendo negociado a R$ 5,7926 para venda e a R$ 5,7905 para compra. A moeda americana oscilou entre R$ 5,7231 e R$ 5,8186 ao longo do dia. Com o dólar elevado, os frigoríficos exportadores obtêm margens melhores ao venderem para o exterior, incentivando o aumento da demanda interna por gado.
Desafios e perspectivas para o mercado interno
Enquanto o mercado externo se mostra promissor para a carne bovina brasileira, o consumo interno enfrenta desafios devido ao baixo poder aquisitivo da população. Com a inflação impactando o bolso dos consumidores, muitas famílias optam por cortes de carne mais baratos ou substituem a carne bovina pela de frango, que tem preços mais acessíveis.
Além disso, a pressão de alta no preço da arroba pode tornar a carne bovina ainda menos acessível para o consumidor final, especialmente no período de fim de ano, quando a demanda costuma crescer. Esse cenário representa um desafio para o setor, que precisa equilibrar as vendas internas e externas para manter o mercado sustentável.
O mercado de boi gordo no Brasil atravessa um momento de alta histórica nos preços, impulsionado pela demanda das indústrias e pela competitividade no mercado externo. Em São Paulo, a arroba do boi já alcança o patamar recorde de R$ 350, enquanto outras regiões também apresentam valores expressivos. No entanto, o cenário de valorização representa um desafio para o consumo interno, uma vez que o poder de compra da população está limitado, favorecendo a carne de frango como alternativa.
A curto prazo, a expectativa é que os preços da carne bovina no atacado continuem firmes, mas o setor precisará acompanhar a evolução do mercado externo e a situação econômica interna para equilibrar a oferta e a demanda.