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Henrique Sloper, cafeicultor e surfista amador, transformou um problema em uma iguaria exótica. Na fazenda Camocim, a 50 quilômetros de Vitória, Sloper elaborou o Jacu Bird Coffee Bean, um café feito a partir dos resíduos deixados pelo jacu, um pássaro selvagem que outrora causava transtornos na plantação.
Após dois anos de meticulosa elaboração, esse café único, que aproveita grãos maduros selecionados pelos jacus, é vendido por R$ 1.100 no Brasil e quase R$ 10 mil no exterior. A luxuosa loja britânica Harrods importa o produto desde 2015, após garantias de que os jacus são livres e não são confinados para essa produção diferenciada.
A fazenda estima a presença de cerca de 200 jacus durante a época de colheita, ressaltando que são animais livres. Um estudo revelou que esses pássaros consomem quase toda a cafeína do grão durante a digestão, resultando na eliminação de grãos inteiros nas fezes.
Apesar de representar menos de 3% do faturamento da fazenda, o Jacu Bird Coffee Bean é exportado para Alemanha e Japão, além de atender à demanda local. No entanto, a produção é limitada pela preferência dos jacus pelos grãos, impossibilitando o aumento do volume produzido.
Além dessa inovação, a fazenda Camocim é um exemplo de regeneração de pasto abandonado, produzindo anualmente 4 mil sacas de café por meio do sistema de agrofloresta. Certificada como orgânica e biodinâmica, a fazenda mantém a tradição do avô de Sloper, Olivar Araújo, que cultivou café por mais de 60 anos sem o uso de defensivos químicos no solo.
Sloper, com formação em marketing e 30 anos de experiência na indústria da moda, viu um aumento no consumo de café de qualidade no mercado interno brasileiro, impulsionado pela pandemia. Esse sucesso, aliado à preservação da tradição e inovação, destaca o legado e a visão sustentável da fazenda Camocim.