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O evento iniciou na noite de 25/09 e seguiu até 27/09, em Foz do Iguaçu, Paraná.
“O trigo é um desafio para o qual o Brasil se posiciona cada vez mais como um player diferenciado. (...) Precisamos continuar atraindo investimentos com o compromisso de fornecer para o mundo alimentos, equipamentos e serviços”, destacou o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim.
Abrindo a programação, a palestra inaugural do congresso transmitiu um panorama do cenário político e econômico aos participantes.
Fernando Schuler, cientista político e professor do Insper, pontuou a desestatização como caminho para o futuro da política nacional. "Vivemos um momento de grande instabilidade no campo político brasileiro. Ao mesmo tempo, passamos por uma revolução tecnológica, que abalou ainda mais a democracia e o debate público. Isso trouxe à luz a discussão do inchaço do Estado, sendo a desestatização e especialização da esfera governamental uma solução para reduzir a burocracia dos processos e atrair novos investimentos ao País”, explicou Schuler.
O presidente-executivo da Abitrigo, Rubens Barbosa, reforçou o papel do setor empresarial para o desenvolvimento não apenas do setor do trigo, mas do Brasil como um todo. " A democracia está consolidada, mas ainda falta mais influência do setor privado para o seu pleno exercício. Nesse sentido, ele deve ser ativo, levando para frente sua agenda de interesse e contribuindo para o avanço nacional, tanto na política quanto na economia”, reforçou Barbosa.
Também debateram sobre a aptidão do Brasil na produção de trigo e as projeções de crescimento de safra para os próximos anos, com o alcance da autossuficiência e até mesmo o posicionamento do país como exportador do grão na próxima década.
O presidente do Conselho Deliberativo da Abitrigo, Rogério Tondo, apontou as conexões que proporcionam oportunidades de aprendizado e relacionamento que, segundo ele, impactam positivamente no aproveitamento de oportunidades e nas decisões dos negócios. "Sobretudo diante do quadro de volatilidade, incertezas, complexidade e ambiguidades que estamos vivendo, em um ambiente de retomada após o grande pico da pandemia, guerra na Ucrânia, problemas climáticos, eleições, câmbio e de uma supersafra brasileira que se aproxima. Nada melhor do que estarmos conectados, trocando experiências e expectativas”, apontou.
Na sequência, o pesquisador e melhorista do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, Carlos Roberto Riede, destacou a importância do estado para a produção de trigo. "O Paraná é um dos principais produtores do trigo e ressalto que o potencial de área e de produção do cereal no Brasil está em expansão, o que pode levar o País à autossuficiência”, frisou.
Jorge Lemainski, chefe-geral da Embrapa Trigo, aponta o papel do desenvolvimento de uma produção de trigo sustentável.
“Como um cereal de inverno, o trigo é uma planta descarbonizante. Sua importância vai mais além da produção de pão, biscoito e macarrão, por exemplo”, disse. "O cultivo de trigo melhora a estrutura do solo e temos iniciado uma ‘revolução’, seguindo o mesmo caminho das produções de soja e de milho no Brasil”, destacou.
Segundo ele, o Brasil tem plenas condições de produzir todo o trigo para atendimento de sua demanda. “Podemos contribuir com a segurança alimentar e com a cultura da paz. Até 2030, o Brasil supera as 20 milhões de toneladas de trigo. Isso é resultado do trabalho de toda a cadeia do trigo em prol desse crescimento de produção e qualidade.”, ressaltou.
Roberto Rodrigues, coordenador do FGVAgro, avaliou o crescimento do mercado do trigo.
“O Brasil vai exportar 10 milhões de toneladas de trigo daqui a dez anos. É uma chance que a história coloca no ‘colo’ de vocês”, ressaltou.
Sobre segurança alimentar, Rodrigues destacou que não existe estabilidade política nem segurança em um país com fome. “O Brasil pode não só produzir alimento, mas também ensinar o mundo a ‘pescar’, tecnicamente, ensinando a fazer bem feito”, disse.
Segundo ele, o USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) projeta o aumento da produção mundial de alimentos para atender o crescimento da demanda até 2026/27.
“O Brasil é o país que mais ampliará a produção, com previsão de aumento de 41% no período. Temos terra disponível, tecnologia e gente para produzir”, apontou.