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O mercado de máquinas agrícolas no Brasil fechou 2024 com um desempenho alarmante, marcado por quedas expressivas em todos os segmentos principais. Dados divulgados pela FederUnacoma, com base nos registros do Ministério dos Transportes, apontam que o setor enfrenta seu terceiro ano consecutivo de retração, reflexo de uma conjuntura econômica desfavorável e desafios estruturais. O cenário de queda também foi registrado em mercados internacionais, como Europa e América do Norte, agravando a preocupação global com o segmento.
Desempenho no Brasil: Queda Generalizada
Em 2024, as vendas de tratores registraram uma queda de 12,3%, com 15.448 unidades comercializadas, frente às 17.613 de 2023. Este é o pior resultado para o setor desde 1952, destacando a gravidade da situação. Outros segmentos também apresentaram retração significativa:
• Colheitadeiras: Queda de 31,8%, totalizando apenas 266 unidades vendidas.
• Transportadores: Redução de 14,9%, com 525 unidades comercializadas.
• Manipuladores Telescópicos: Diminuição de 14,4%, com 977 unidades negociadas.
• Reboques: Retração de 2,8%, com 7.504 unidades comercializadas, contra 7.718 em 2023.
Os números revelam um setor impactado pela alta nos custos de produção, taxas de juros elevadas e estagnação da renda agrícola, que dificultam o acesso ao crédito e comprometem novos investimentos.
Conjuntura Econômica e Setorial
O setor agrícola brasileiro enfrentou, em 2024, uma combinação de fatores adversos. A alta inflação elevou os preços de insumos e máquinas, enquanto as taxas de juros dificultaram o financiamento, essencial para a aquisição de novos equipamentos. Além disso, o mercado agrícola, que tradicionalmente impulsiona a demanda por máquinas, não conseguiu recuperar os níveis de crescimento anteriores, agravando o quadro.
Essa queda é ainda mais preocupante quando analisada em perspectiva histórica. Após o pico de 2021, impulsionado por programas de incentivo e alta no mercado de commodities, o setor não conseguiu manter o ritmo, acumulando retrações consecutivas desde então.
Impacto Global: Quedas na Europa e América do Norte
O impacto negativo não se limitou ao Brasil. Na União Europeia, alguns dos maiores mercados agrícolas também enfrentaram quedas expressivas:
• França: Redução de 10,1% nas vendas de máquinas agrícolas.
• Alemanha: Queda de 3,4%.
• Reino Unido: Retração de 11,9%.
Na América do Norte, o cenário foi igualmente desafiador, com os Estados Unidos registrando uma redução de 13,2% e o Canadá uma queda ainda mais acentuada, de 15,8%.
Na Itália, o mercado foi particularmente afetado pelo esgotamento dos incentivos à modernização tecnológica, como os voltados para tecnologias 4.0, que haviam impulsionado o setor em 2021. Embora novos programas, como o PNRR, busquem incentivar a adoção de tratores elétricos e movidos a metano, os impactos ainda são limitados diante dos desafios econômicos.
Perspectivas e Soluções
Especialistas do setor, incluindo representantes da FederUnacoma, apontam para a necessidade urgente de novos planos estruturais que estimulem a modernização e a sustentabilidade do mercado de máquinas agrícolas. Medidas como programas de incentivo financeiro, redução de taxas de juros e políticas para estabilização da renda agrícola podem ser determinantes para reverter o atual cenário.
No âmbito internacional, a cooperação entre países para o fortalecimento de mercados agrícolas e o incentivo ao uso de tecnologias sustentáveis pode ser um caminho promissor. No entanto, é essencial que as políticas sejam acompanhadas por ações concretas e investimentos em infraestrutura e inovação.
Considerações Finais
O mercado de máquinas agrícolas enfrenta um momento crítico, tanto no Brasil quanto no cenário global. Com retrações históricas e desafios econômicos persistentes, o setor necessita de ações rápidas e estruturais para evitar um declínio ainda mais acentuado nos próximos anos.
O fortalecimento do setor agrícola, por meio de políticas públicas e incentivos ao crédito, será essencial para garantir a recuperação e a sustentabilidade do mercado, que desempenha um papel fundamental no desenvolvimento econômico e na segurança alimentar global.
