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Com o aumento da popularidade das fazendas urbanas, um estudo abrangente da Universidade de Michigan revela que frutas e vegetais cultivados nessas áreas possuem uma pegada de carbono seis vezes maior em comparação com a agricultura convencional. Publicada recentemente na plataforma Nature Cities, a pesquisa destaca os impactos e desafios enfrentados por essa prática emergente, ao mesmo tempo que sugere maneiras de torná-la mais amiga do ambiente.
De acordo com os pesquisadores, em média, cada porção de frutas e vegetais provenientes de fazendas urbanas gera aproximadamente 500 gramas de dióxido de carbono, enquanto produtos cultivados convencionalmente contribuem com apenas 70g a 80g por porção. Essa descoberta desafia a percepção comum de que as fazendas urbanas são sempre mais sustentáveis.
O estudo, considerado o primeiro em larga escala sobre a prática, focou não apenas em métodos de alta tecnologia, como estufas em telhados e quintas verticais, mas também em explorações agrícolas de baixa tecnologia que cultivam culturas no solo ao ar livre. Culturas como tomate e espargos, que frequentemente são cultivadas convencionalmente em estufas, mostraram-se competitivas em termos de pegada de carbono em fazendas urbanas.
Ao analisar 17 locais de agricultura urbana nos EUA que superaram a agricultura convencional em termos de carbono, os pesquisadores identificaram maneiras de tornar as fazendas urbanas mais eficientes. A prolongação da vida útil de infraestruturas, reutilização de resíduos e o uso de água da chuva foram apontados como medidas para reduzir a pegada de carbono.
Benjamin Goldstein, co-líder do estudo e professor assistente na Escola de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Michigan, destaca que a escolha do que cultivar é crucial para determinar a ecologicamente correta de uma fazenda urbana. Culturas como tomates, pepinos, alface, pimentão, espinafre e morangos, bem como alimentos transportados por via aérea, como feijão verde e frutas vermelhas, foram identificadas como opções competitivas em termos de carbono.
Embora a pesquisa enfatize a necessidade de medidas para garantir que a agricultura urbana não prejudique os esforços de descarbonização urbana, os cientistas reconhecem os benefícios substanciais dessa prática. Além da redução das emissões de carbono não realizada, agricultores urbanos relataram melhorias significativas na saúde mental, na dieta e nas redes sociais.
Especialistas adicionais destacam que a agricultura urbana pode contribuir para aumentar a biodiversidade, criar sistemas alimentares mais resilientes e melhorar a qualidade do ar. Também desempenha um papel vital em contrariar o efeito de "ilha de calor urbana" e gerenciar o escoamento de água de chuvas intensas. Embora desafios existam, a pesquisa sublinha a importância de considerar as múltiplas facetas da agricultura urbana ao abordar sua pegada de carbono.