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Leite: preço pago ao produtor cai quase 15%
Recuo nas cotações ocorre sobretudo em função do enfraquecimento da demanda ao longo de agosto.
O preço do leite captado em agosto e pago aos produtores em setembro registra queda de 14,7%, R$ 0,52 por litro frente ao mês anterior, chegando a R$ 3,0476/litro. O valor é referente à “média Brasil” líquida do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Apesar de a diminuição ter sido expressiva, ainda ficou aquém da expectativa de agentes do setor. Desde o início deste ano, o leite acumula valorização real de 37,2% em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de agosto/22).
Com estoques de derivados limitados nos atacados e baixa oferta de leite cru no campo entre junho e julho, os preços dispararam ao longo de toda a cadeia, mas o patamar alcançado na gôndola desencadeou a retração do consumo.
Com dificuldades em assegurar vendas, canais de distribuição pressionaram os laticínios por cotações de derivados mais baixas. Pesquisas do Cepea indicam respectivas quedas de 15,3% e de 10% nos preços do UHT e da muçarela negociados no estado de São Paulo em agosto.
Com vendas fracas e estoques de lácteos crescentes nos laticínios e canais de distribuição, as compras de leite no spot também se reduziram em agosto. Na média mensal de Minas Gerais, por exemplo, os preços caíram 30,8%, passando de R$ 4,54/litro em julho para R$ 3,14/litro em agosto.
O expressivo aumento das importações nos últimos meses tem contribuído para elevar a disponibilidade de lácteos no mercado interno. De acordo com dados da Secex, em agosto o volume importado de lácteos subiu quase 64%. Nesse sentido, o déficit da balança comercial se aproximou de 170 milhões de litros em equivalente leite.
Também é importante observar que a produção de leite cru tem crescido nos últimos meses. O Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea subiu 4,8% de julho para agosto, quarto avanço consecutivo. Com isso, desde janeiro, o ICAP-L acumula alta de 6,3%.
A expectativa é que com a aproximação do fim da entressafra, a produção ganhe fôlego no último trimestre do ano. Acredita-se que os preços no campo devem se manter em queda. Contudo, deve-se destacar que o incremento da produção nos últimos meses esteve atrelado ao forte estímulo da alta do preço do leite, que melhorou o poder de compra do pecuarista frente à ração.
Difícil prever a intensidade deste movimento de desvalorização. Isso porque o potencial de aumento da oferta ainda é um ponto de incerteza para o setor.