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O mercado de terras agrícolas no Brasil registrou uma valorização impressionante nos últimos cinco anos. Segundo um estudo da Scot Consultoria, o preço médio do hectare agrícola subiu 113% entre julho de 2019 e julho de 2024, passando de R$ 14.818,10 para R$ 31.609,87. O segmento de pastagens também acompanhou a tendência, com alta de 116%, saltando de R$ 8.267,14 para R$ 17.886,94 no mesmo período.
Esses números consolidam a percepção de que “terra só valoriza”, como aponta Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria. Apesar das recentes variações nas commodities e da alta na taxa Selic, especialistas ainda veem no setor um investimento seguro e rentável.
Comparativo com Outros Investimentos
Quando comparadas a outros ativos, as terras agrícolas destacaram-se como uma das opções mais lucrativas. De acordo com o Valor Data, o Ibovespa valorizou 25,89% e a poupança 28,66% nos últimos cinco anos, enquanto as terras agrícolas superaram esses índices, com valorização nominal de até 91,5%, conforme dados da S&P Global Commodity Insights.
Embora o Tesouro Nacional Série B (NTN-B) tenha registrado rendimento de 60,29%, superior à valorização das terras agrícolas em estados como Santa Catarina (52,9%) e Pernambuco (54,8%), a perspectiva de longo prazo mantém o setor atraente para investidores.
Regiões de Maior Valorização
As regiões de fronteira agrícola lideraram o aumento nos preços. Em Rondônia, as terras agrícolas valorizaram quase 300%, e as pastagens 286%. Maranhão e Piauí também registraram altas superiores a 200%. Já no Sul, os preços atingiram os níveis mais elevados, com hectares chegando a R$ 60 mil no Paraná, onde a qualidade do solo é um diferencial competitivo.
Por outro lado, o cenário de alta também se reflete na menor liquidez. O mercado registrou uma desaceleração nas negociações em 2023, impactado pela queda nos preços das commodities e pela margem reduzida dos produtores.
Fatores que Impulsionaram a Alta
A valorização das terras agrícolas foi impulsionada por diversos fatores econômicos e conjunturais. A pandemia de Covid-19, o boom das commodities em 2022 e a redução dos estoques globais geraram um ambiente favorável para o aumento nos preços. Além disso, a demanda por expansão agrícola e a concorrência com pastagens pressionaram ainda mais o mercado, especialmente em regiões com infraestrutura consolidada.
Outro ponto relevante é o fato de que terras agrícolas produzem ativos dolarizados, como soja, milho e café, que são cotados em moeda estrangeira. Segundo José Eduardo Daronco, da Suno Asset, isso torna o investimento atrativo tanto para produtores quanto para investidores.
Perspectivas para 2025
Embora o histórico de valorização seja sólido, o cenário futuro traz perspectivas de estabilidade. Analistas apontam que, após anos de forte alta, o mercado deve registrar preços estáveis ou até mesmo uma leve queda em 2024.
Anderson Galvão, da Céleres Consultoria, acredita que a baixa liquidez e o pessimismo no setor agrícola, resultado de safras reduzidas e alta nos custos de produção, podem limitar novos aumentos. Ele destaca ainda que muitos agricultores investiram pesado em terras nos últimos anos e agora enfrentam margens de lucro mais apertadas.
Além disso, a alta da taxa Selic e a volatilidade climática também desempenham papéis importantes no cenário de terras agrícolas. O impacto dessas variáveis será determinante para as negociações no setor.
Fiagro e Novas Oportunidades no Mercado
Com o aumento do interesse por terras, o Fiagro (Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) surgiu como uma alternativa promissora para investidores. Fundos como o da Suno Asset oferecem acesso a propriedades agrícolas e a títulos como o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), proporcionando rentabilidade atrelada às commodities.
Embora as condições de mercado em 2024 sugiram maior cautela, especialistas acreditam que o setor continuará atraente para investidores com foco no longo prazo. Com preços estabilizados, o momento pode representar uma oportunidade para quem busca ativos reais e rentáveis.
A valorização das terras agrícolas no Brasil reafirma o papel estratégico do setor no mercado de investimentos. Apesar de desafios como a queda nos preços das commodities e as altas taxas de juros, o histórico de rentabilidade do setor mantém o otimismo entre analistas. Para quem deseja diversificar sua carteira de investimentos, o mercado de terras agrícolas continua sendo uma opção sólida e promissora.