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Os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) caíram para o menor patamar desde setembro de 2020, marcando um momento desafiador para o mercado global de grãos. Essa desvalorização não só afeta diretamente o preço da soja, mas também exerce impacto significativo sobre os mercados de milho e trigo, destacando a interconexão entre essas commodities.
Queda histórica e seus principais fatores
O preço do contrato mais ativo da soja encerrou a quarta-feira (18) em US$ 9,5175 por bushel, uma queda de US$ 0,25, posicionando-se próximo ao nível mais baixo em quatro anos. Essa tendência de queda é atribuída a uma combinação de fatores globais, incluindo projeções de uma safra recorde no Brasil e mudanças no cenário político e econômico internacional. Entre os principais motivos estão:
1. Safra recorde no Brasil
O Brasil, maior produtor e exportador mundial de soja, está no caminho de colher uma safra histórica. Segundo a consultoria AgRural, a produção deve alcançar 171,5 milhões de toneladas métricas, graças às condições climáticas favoráveis em estados como Mato Grosso e Paraná. Esse volume robusto reforça a oferta global, pressionando os preços para baixo.
2. Pressão no óleo de soja
Nos Estados Unidos, a exclusão de incentivos ao biodiesel em um projeto de financiamento anunciado pelo governo na terça-feira (17) enfraqueceu a demanda pelo óleo de soja, um dos principais subprodutos da commodity. Essa decisão removeu um possível suporte de mercado, contribuindo para a desvalorização.
3. Dólar forte
O fortalecimento do dólar em relação a outras moedas reduziu a competitividade dos grãos norte-americanos no mercado internacional. Essa valorização tornou as exportações dos EUA menos atraentes, redirecionando a demanda global para países como o Brasil.
4. Vendas técnicas
Especialistas como Joe Davis, trader da Futures International, apontam que a quebra técnica nos gráficos de preços atraiu vendas adicionais, amplificando o movimento de queda nos contratos futuros.
Impactos no mercado de milho e trigo
A desvalorização da soja influenciou diretamente os mercados de milho e trigo, que também registraram quedas significativas.
• Milho: O contrato de março caiu 6,25 centavos, encerrando a US$ 4,3725 por bushel.
• Trigo: Afetado pela forte concorrência das safras abundantes na Austrália e Argentina, o contrato também recuou 3,75 centavos, fechando a US$ 5,4125 por bushel.
Essas quedas evidenciam como o mercado de grãos está interligado, com a soja desempenhando um papel central na formação de preços das demais culturas.
Projeções otimistas para o Brasil na próxima safra
Apesar da pressão internacional, o Brasil segue consolidado como protagonista no mercado de soja. Para a safra 2024/2025, as perspectivas indicam expansão na área plantada, podendo atingir 43 milhões de hectares. A produção pode superar as 175 milhões de toneladas métricas, caso as condições climáticas continuem favoráveis.
A região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) se destaca como nova fronteira agrícola, impulsionando o crescimento do setor. Além disso, avanços em tecnologia agrícola e o interesse de produtores em aproveitar a valorização cambial reforçam o potencial do Brasil de atender à crescente demanda global.
O futuro do mercado de grãos
A queda nos preços da soja representa um desafio imediato para o mercado, mas também sinaliza o vigor da produção brasileira, que se posiciona como elemento crucial no equilíbrio global entre oferta e demanda.
As atenções agora se voltam para o clima e as políticas internacionais, que desempenharão papéis decisivos na definição dos preços nos próximos meses. Enquanto isso, o Brasil reafirma sua liderança no setor, aproveitando as oportunidades para fortalecer sua posição como maior fornecedor global de soja.
Com uma produção robusta e uma infraestrutura em constante evolução, o país está preparado para enfrentar os desafios do mercado e atender às demandas crescentes por alimentos e energia renovável em todo o mundo.
