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A Embrapa Soja e institutos japoneses buscam viabilizar sementes mais tolerantes ao estresse hídrico. Uma parceria que visa lançar uma das maiores criações do ser humano em um futuro bem próximo.
A produção global de soja atingiu cerca de 362.947 milhões de toneladas na safra 20/21, segundo os dados da USDA. Porém, um dos maiores gargalos da agricultura mundial ainda são as adversidades climáticas.
A seca no Brasil por diversas vezes atinge o campo, provocando grandes prejuízos e, por isso, as pesquisas seguem buscando formas de mitigar esses efeitos. A soja mais resistente à seca é, com certeza, um desejo do produtor brasileiro.
Com a elevação da temperatura global, a demanda da planta por água tende a ficar cada vez maior. Segundo o IPCC, as próximas décadas serão de secas mais frequentes e chuvas torrenciais intensas, ou seja, com distribuição deficitária ao longo da safra.
O desenvolvimento de cultivares mais tolerantes à seca pode contribuir para aliviar as perdas de produção. O desafio vem sendo vencido por meio da manipulação genética, onde os pesquisadores conseguiram introduzir um gene isolado da planta Arabidopsis thaliana e comprovaram que as plantas transgênicas são, no mínimo, 15% mais resistentes à seca.
A ciência está buscando no passado, o histórico de cultivares que possam trazer respostas para as carências atuais.
“É urgente buscarmos alternativas para o melhor aproveitamento da água em todos os setores. Nosso recurso mais vital no futuro próximo será a água”, ressaltam os pesquisadores da Embrapa.
Para criar uma soja mais resistente à seca, os aspectos regulatórios associados aos Organismos Geneticamente Modificados, dificultam a disponibilização dessas tecnologias.
“Os testes e as exigências para se colocar um produto transgênico no mercado são bastante rigorosos. Temos legislações distintas em diferentes países e como a soja é uma commodity, ela precisa passar pela legislação de biossegurança das várias nações para as quais o Brasil a exporta. Assim, precisamos fazer a liberação no Brasil pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e também na China e na Europa, por exemplo. Isso acaba elevando bastante o custo e o tempo para colocar esse produto no mercado”, salienta a pesquisadora Liliane Mertz-Henning.
“Pode parecer incerto, mas é preciso lembrar que hoje em dia qualquer produto transgênico, mesmo sendo produzido por grandes multinacionais, leva de 15 a 20 anos para ir ao mercado. Essas novas ferramentas permitem encurtar esse processo”, afirma a pesquisadora.
A previsão para a soja mais tolerante à seca chegar ao mercado pode se concretizar entre 5 e 10 anos.