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Produtores de tomate do Distrito Federal relataram perdas de até 50% na safra de 2022. A causa de tantos prejuízos é uma antiga praga conhecida: a traça-do-tomateiro (Tuta absoluta).
Segundo o produtor e presidente da Cooperativa Agrícola da Região de Planaltina, Maurício Severino Rezende, em 2021 as perdas com a traça-do-tomateiro não chegaram a 10%. “Este ano eu perdi metade da produção, e alguns plantios tiveram que ser abandonados, porque economicamente não era viável colher”, relata.
A situação se agravou por conta do baixo preço oferecido pelo tomate, conforme a Embrapa. “No plantio anterior, os preços estavam altos e por isso o mercado conseguia absorver um produto de qualidade um pouco inferior. Nesta safra, com o preço quatro vezes menor – R$ 40 a caixa contra R$ 160 do ano passado – a seleção teve que ser muito mais rigorosa”, afirma. Sendo assim, boa parte da produção virou ração animal, ou simplesmente foi descartada.
Manejo adequado pode evitar perdas.
O entomologista Alexandre Pinho de Moura, pesquisador da Embrapa Hortaliças (DF), informa que esses picos de infestação pela traça-do-tomateiro têm sido recorrentes no país. “Há cerca de três anos tivemos uma situação semelhante no Brasil, mas ainda não foi possível identificar os fatores que determinam essa sazonalidade”.
Moura destaca que as infestações são mais comuns nos períodos mais quentes e secos do ano. A praga ataca a cultura durante todo o ciclo de produção.
O pesquisador explica que perdas tão elevadas não são comuns. “De modo geral é possível manter um controle razoável. Eventualmente pode ocorrer algum desequilíbrio na cultura, por conta da aplicação equivocada de agrotóxicos, por exemplo, o que causa a explosão populacional da praga.”
Também é importante que o produtor adote alguns cuidados, inclusive entre safras. “Algumas medidas são bem simples, como a destruição dos restos culturais contaminados e limpeza de todo o material utilizado na plantação, além dos cuidados durante toda a safra, como monitoramento da infestação e escolha correta dos produtos a serem aplicados”, recomenda o entomologista. Moura informa ainda que o uso associado de defensivos químicos com um inimigo natural da praga trouxe bons resultados em experimentos.
Inimigo natural do tomate ajuda no controle da praga.
“O tratamento utilizando somente agrotóxicos foi eficiente, mas quando associado ao uso do parasitoide a redução da praga foi mais significativa, mantendo a infestação próxima dos níveis de controle: 20% de folhas atacadas e 5% de frutos broqueados”, conta o pesquisador.